O Colegão

Surgido em vinte de abril de 1968, o informativo O COLEGÃO era direcionado aos funcionários do BANCO DO BRASIL e seus dependentes. Sob a presidência de José Márcio Cyrino Peralva, a publicação, com quatro páginas em formato 16,5×23,0cm, era comandada pelo Diretor de Divulgação, Ary Geraldo. A revisão estava a cargo de Antônio Henrique Weitzel, funcionário do Banco do Brasil e professor da Faculdade de Filosofia de Juiz de Fora. Pelas suas páginas passaram ainda diversos colaboradores, como: Aloísio Alfredo Silva, Roberto Cintra, João Bolinha, José Henrique Maia, Jairo Santiago (fotos) e Osmar Faulhaber. Colaboraram também: Ernane Mourão, Demétrio Pavel Bastos, Arlindo Daibert, Afonso Soares (Ilustrações), Sebastião Longato, João Felício Loures, Luiz Antônio Almeida, Guilherme, o Tall e tantos outros.

Confira alguns textos publicados em suas páginas:

O editorial do primeiro número começava assim: “Dizia-me um amigo pastor: Quando um cristão não vai à Igreja, ela deve ir ao cristão”. Essa frase sintetizou o objetivo de O COLEGÃO, que era a louvável intenção de enaltecer a AABB a seus associados. Objetivava também divulgar as notícias do PLANAUTO (Plano para Aquisição de Automóveis), consórcio de carros patrocinado pela Associação de Juiz de Fora e que era direcionado aos funcionários do BANCO DO BRASIL de todo o Brasil.

Havia inclusive dicas de turismo voltadas aos colegas de agências de outras cidades, organizadas pelo Alciones Amaral e pelo Luiz Afonso Pedreira.

O nome do informativo foi escolhido através de concurso realizado entre os funcionários do Banco. Três nomes foram à final: O COLEGÃO (Sebastião Longato), O PLANAUTO (Aloísio Alfredo e Afonso Soares) e A CIGARRA (Carlos Ladeira). O Longato também emprestou sua criatividade em diversas “quadrinhas” inseridas em suas páginas. Na oportunidade, o Diretor de Divulgação deu um “puxão de orelhas” nos funcionários do Banco, pois, segundo publicado, “dos 160 colegas na agência, apenas 28 se interessaram pela publicação de um jornal interno”. Apenas a título de curiosidade, foram enviadas ainda as seguintes sugestões de nomes para o jornal:

O INFORMATIVO (João Batista Bastos);

ARAUTO (Antônio Weitzel);

O COLAGOGO (Celso Damasceno);

VOZES DA AABB (Mário Chaves);

O REALIZADOR (Aristides Castro);

AABB NA MANCHESTER (Ayrton Teixeira);

O DIÁLOGO (José Carlos Cruz);

O LIAME (Ary Geraldo);

JORNAABB (Heiler Soares);

BARBALIMPA (Anderson Mega);

O BOATEIRO (Ernani Mourão);

FOFOQUINHA (Alciones Amaral);

JORNAL DO BANCO (Pedro Barbosa);

O CASTORZINHO (Olavo Aguiar);

FRATERNIDADE (Paulo Conceição);

O AQUÁRIO (Gilbert de Paula);

O ARAUTO (Leon Merhey);

SANTELMO DA AABB (José Carlos Tortura);

PIPA (Antônio Herédia);

ALICERCE (Edmond Abdo);

AS BOAS (Cláudio Coelho e Sérgio Maestrini) e

CAMPEÃO (Mauro Polini).

A partir do segundo número, O COLEGÃO passou a oferecer o dobro de páginas (no mesmo formato) a seus leitores, que, segundo o editorial, “foi uma exigência do PLANAUTO (Plano de Automóveis da AABB) para divulgar o resultado das Assembléias”.

Nessa edição O COLEGÃO fez uma bela divulgação da AABB a seus associados: localizada a apenas dez minutos do Centro; possui recantos agradabilíssimos para se passar o final de semana; dispõe também de um campo de pelada, com providencial barranco para facilitar as ’tabelinhas’, dois campos de vôlei, um de futebol de salão e uma excelente piscina; passatempos ‘menos exaustivos’ como bilhar, sinuca, xadrez, dama etc; espetacular biblioteca; variado serviço de bar; pequeno, mas equipado parque infantil; banho de sauna e frutas, muita água e espaço para os soltadores de ‘papagaio’.

Havia também os neologismos do profº Antônio Henrique Weitzel para designar os diversos tipos de funcionários do Banco, como:

FUNCIONATO (Nasceu para funcionário, pois só fala em Banco, só entende de Banco);

FUNCIONADA (O inverso do anterior. O Banco é o último lugar onde deveria estar);

FUNCIONORÁRIO (Está apenas contando o tempo para aposentar, fingindo que está trabalhando);

FUNCIORÁRIO (Escravo do relógio. Não começa antes do horário e não continua depois de encerrado o expediente);

FUNCIOMÁXIMO (Ninguém sabe mais do que ele. Não dá razão a colega algum);

FUNCIUSUÁRIO (“Socorre” os colegas em apertos financeiros, com juros “módicos” de 10% ao mês);

FUNCIONAIPE (Não perde um joguinho de carteado);

FUNCIONÁRTICO (Colegas que trabalham nas regiões mais frias do país);

FUNCIONINHO (Suas gavetas parecem ninhos de ratos com tanta desordem);

FUNCIONOTA (A turma da Tesouraria. Só mexe com dinheiro) e

FUNCIOSACO (Funcionário que adora o chefe).

Vale destacar que Aloísio Alfredo Silva foi o criador da logomarca (símbolo, na época) de O COLEGÃO e a confecção ficou a cargo de Afonso Soares. Detalhe interessante também é que diversos ilustrações do informativo da AABB foram criados por Arlindo Daibert, filho do Alciones Amaral, e que veio a se tornar um dos artistas plásticos mais importantes do país, falecido prematuramente. A genialidade de Daibert foi percebida pelo O COLEGÃO (edição nº. 4 de julho de 1968): “O garoto é mesmo talentoso. Fez duas linhas de COLEGÕES para irmos revezando”. “Os bonequinhos do Arlindo estão dando uma nova graça ao jornalzinho”.

Diálogos (1968)

Tortura – Você tem medo de andar no meu carro? Marcondes – Medo, não! Tenho vergonha.

Aloísio – Agora, colega, “apele”. Marcondes – “A pele”, você já me arrancou…

O Britto se queimou quando o Rubens perguntou se vendia frango abatido em sua fazenda, respondendo que em sua propriedade os frangos gozam de boa saúde, pois são bem alimentados.

Provavelmente para testar a paciência e boa vontade de seus leitores, o COLEGÃO de novembro de 1968 convidou-os a participar de uma enquête. Até aí nada demais. O problema é que a tal enquête continha 387 perguntas distribuídas em 50 páginas! Pedia ainda “consciência, ponderação e sinceridade” nas suas respostas. Os temas abordados foram: Vida social, Vida Bancária, Artes, Esportes e Diversos. Para decepção de seus idealizadores, dos 160 questionários enviados, apenas 55 foram respondidos. Detalhe interessante da enquete é que, dos 55 entrevistas, simplesmente 49 eram casados. Também chamou a atenção o fato de que apenas oito cônjuges dos entrevistados trabalham fora. 37 deles têm casa própria. 35 possuem automóvel. Perguntados se gostariam que seus filhos fossem bancários, 42 responderam que não, ao mesmo tempo em que 44 se disseram felizes sendo funcionários do BANCO DO BRASIL. E 34 disseram gostar da profissão de bancário. 37 disserem não ter incentivo no trabalho. 36 disseram não ser favoráveis ao ingresso de mulheres no Banco. 54 funcionários do Banco eram associados da AABB. 43 acharam ótima a Sede Campestre.

Existia também o CLUBE DA COLEGONA, dedicado a assuntos femininos. Era assinado por Donalda (pseudônimo da esposa de um funcionário do Banco). Em sua primeira coluna, Donalda passa uma receita de gelatina de guaraná e maçã.

Havia inclusive em O COLEGÃO os INSTANTÂNEOS INTERNACIONAIS, com Dimitrius, que relata as últimas novidades no exterior.

O COLEGÃO destaca, em junho de 1968, o baile de aniversário dos 15 anos da AABB. Organizado pelo Diretor Social, Galileu Lisboa, que segundo ele, foi “um estouro”, a banda ZAMBO FOUR começou animando a festa. O ponto alto das comemorações foi o show de Dóris Monteiro, que brindou a todos os presentes “com sua maravilhosa e afinada voz”, permanecendo no Clube até quase o amanhecer, “incorporando-se à família abebeana”. Na ocasião, Galileu prometeu, ainda para o mês, animadas e alegres festas juninas, além da realização mensal de jantares dançantes.

Já as comemorações do 16º aniversário tiveram uma extensa agenda: torneio interno de futebol de salão, voleibol e buraco; torneio aberto de futebol de salão e mini-futebol de salão; churrasco nas novas instalações do bar-boate e baile-show com a participação de destacados artistas nacionais, “abrilhantado por sensacional conjunto de yê-yê-yê”.

“Não é ‘bafo’ não, mas o COLEGÃO já é procurado nas bancas do Caruso”. Dizia orgulhoso seu editor na edição de julho de 1968.

No mesmo mês o COLEGÃO publicou nota em que a AABB tinha a intenção de convidar a “Seleção Canarinho” para disputar uma animada pelada para testar nosso campo. Ficou na vontade…

Em novembro de 1969, a diretoria da AABB tomou a feliz e prudente iniciativa de deixar um diretor de plantão no Clube para atender o associado a respeito de qualquer assunto. A primeira escala foi a seguinte: João Bosco, Galileu Lisboa, Octávio Brasil, Haroldo Vidal, Carlos Afonso, Saul Magalhães, Aristides Castro, Luis Antônio, Márcio Peralva, José Carlos e Lery César, que se alternavam nos finais de semana.

Em julho de 1968 o COLEGÃO divulgava com satisfação que havia sido assinada a planta para a construção de um “ginásio espetacular”. Também divulgou que o Clube iria ajardinar toda a sede, assunto que ”vai interessar muito às madames”. Finalizando, a nota dizia ainda: “Vamos torcer para que a natureza ajude. Assim teremos um pequeno ‘paraíso’ de flores dentro em breve”. Dito e feito.

Outra boa notícia foi dada em novembro de 1968: a AABB encomendara uma Kombi, que serviria para, entre outros serviços, transportar os associados do Centro da cidade para a então longínqua sede campestre. Ainda teve gracejo no final da nota: “KOMBInado?”. A Kombi realmente serviu a seu propósito, que era dar conforto ao associado. Buscava os sócios em frente ao Parque Halfeld ao custo de NCr$0,10.

Carniceiros do “Peralvão”: Peralva, Helvécio, Ronaldo, Olavo, Pontes, Sarandy, etc.

Gozações

Mandaram o Marcondes “descarregar” a máquina de somar e ele a levou ao terreiro de um parente.

O Aloísio ía andando e… sumiu… Não foi “desmaterializado”… foi um buraco.

O Arnélsio continua tentando “inventar” uma máquina de achar diferença.

O COLEGÃO também dava seus “puxões de orelha” na diretoria da AABB. Em março de 1969 alertava-a sobre os riscos na piscina, pois alguns estavam se cortando com os azulejos e outros escorregando na escada de acesso. A diretoria atendeu o recado, revestindo com borracha os degraus da escada e, chegando o inverno, esvaziou a piscina e substituiu os azulejos quebrados.

Iguarias das mais requisitadas no Clube antigamente, os deliciosos queijinhos fritos no espeto eram divulgados na edição de abril de 1969.

Havia o COLUNÃO DO IR, com dicas do Osmar Faulhaber sobre Imposto de Renda.

O informativo deu algumas “barrigadas”, como a nota dada na edição nº. 6 de setembro de 1968: “Juiz de Fora terá dentro de três anos um dos estádios mais modernos do Brasil”. A afirmação do Dr. Gil César Abreu, responsável pela construção do Mineirão, dizia também que o estádio, a ser construído no bairro Jóquei Clube, teria capacidade para 80.000 espectadores. O COLEGÃO chegou inclusive a divulgar a venda de cadeiras cativas a serem pagas a prazo “de égua”. A nota teve como fonte matéria publicada na revista “LINCE” de agosto/1968, que apresentava também a maquete do estádio.

Em janeiro de 1969, a AABB foi presenteada pela Prefeitura de Juiz de Fora com um bonde. Esse tipo de transporte havia saído de circulação na cidade. O prefeito era Itamar Franco, que acolheu proposta do vereador Cláudio Renault. O bonde só foi entregue em meados de 1971.

Nessa mesma edição foi dada outra boa notícia. A construção de uma “boite” sobre os vestiários da piscina.

A edição nº. 14, de maio de 1969 foi especial. Dentro das comemorações do 16º. Aniversário da AABB de Juiz de Fora, a edição saiu em formato de revista, colorida e com 24 páginas.

O churrasco comemorativo ao aniversário do clube, realizado em 25 de maio de 1969, teve presença maciça dos associados. Servido pelo “maitre” Gentil, o churrasco foi acompanhado por muitos chopes. Em seguida fez-se ouvir o “Coral Aabebeense” (formado na hora) composto por Maurício Cardoso, Pato, Lery, Peruzzi, Américo, Aloísio, Cláudio Coelho, Zé Carlos Menezes e outros, que, segundo Ary Geraldo, “a névoa do chopp não nos permitiu distinguir“.

Já o baile-show contou com as apresentações de Manoel da Conceição e “esta notável voz feminina que vem despontando no cenário nacional”, Terezinha Khury. Mas, segundo nota no O COLEGÃO (nº. 15 de junho de 1969), “o que agradou mesmo foi o buffet gratuito”.

Resposta de funcionário convocado pelo Chefe para fazer “levantamento” na seção: -Não posso Chefe. Sofro de hérnia e meu médico me proibiu de levantar qualquer coisa.

Fazendo ficha de cadastro para a CREAI: -Onde mora? -Em São José dos Três com Gosma, sim sinhô. -Há quanto tempo? -Uai! Eu nunca saí de lá, não sinhô. -Seu nome. -É nerso Batista, sim sinhô. -Mas… é BaTISta ou BaPTISta? -???!!!

O Torneio Interno de Vôlei, realizado em maio de 1969, teve seu resultado final pra lá de suspeito na série A. A equipe campeã era composta pelo Presidente do Clube (José Márcio Peralva), sua esposa (Marly), seu irmão (Aloysio) Aloísio Costa (amigo do Presidente), Helvécio (Botafoguense como o Presidente) e Heitor (Bem… alguém tinha que estar inocente…) e o próprio: Na série B venceu a equipe do Brasil, que formou com Carmem, Galileu Vidal, Virgílio Jr., Heloísa, Dalva e Aristides.

Se você não faz sauna, não joga vôlei, nem futebol, nem sinuca, não pratica natação e não gosta de sol. Se você não gosta de um bate papo, não gosta de ler nem de boa música, puxa vida, deve pelo menos gostar de tomar uma “cerva” geladinha e sossegado… Na AABB você encontra “aquela” cerveja de que você gosta, pagando o preço mais baixo da cidade. Reproduzido de anúncio no O COLEGÃO de outubro de 1969, mas que continua atual.

PROMOÇÃO: Atenção garotada! Toda garrafa, copo ou prato entregue no bar da piscina vale uma gostosíssima bala. Idéia genial da diretoria da AABB em 1969, e que poderia ser colocada em prática novamente.

Fonte: O COLEGÃO